quarta-feira, 19 de março de 2008

Visão sóbria da embriaguez...

Olhos de gato - Parte I

Eu quero respirar o vento que caminha sobre a pele do seu rosto,
hoje não sou fogo, talvez seja só o calor que dissolve o horizonte.
Nestas últimas noites me deitei com o aroma de sândalo,
e sobre mim forrei lençóis vermelhos.

A dança adocicada me manteve sóbria, e então sorri.
Minha mente também preparara encantamentos
mas não fui capaz de os proferir,
freqüência dos pensamentos meus [e de outros] gravemente atingi.

O que fazes longe dos olhos do mal não fere ninguém,
é a trajetória do vento que espalha o fogo.
E se óleos do oriente te escorrem do pescoço até as coxas
é o outro corpo que inflama.

Tens seguido o rastro dos meus impulsos e coletado amostra dos meus desejos,
se a cera for pura, guardará tudo em frasco âmbar.
Eis a estrada de quem não segue as regras
acende velas quadradas e se livra do frio, mas o próprio toque permanece morno.

No primeiro dia do outono o entardecer passou correndo,
as cortinas entreabertas me esconderam do sol
mas a magia da arte só aconteceria na companhia da lua
depois que dois incensos queimam juntos, as cinzas pesam mais que o fogo.

3 comentários:

Rodolpho Dutra disse...

é...
Tenso...

Vc sabe que eu costumo não saber muito sobre o que vc escreve, e entender menos ainda.


Mas DESSA vez, DESSA vez eu pensei além do que devia.

DESSA vez eu pensei além do limite.

Hobbit disse...

Cientista. Sempre fazendo experimentos e postando resultados insinuantes embrulhados no blog. Para resultados mais proximos dos reais, deve-se experimentar em larga escala com amostragens heterogêneas porém eu REALMENTE espero que o esteja realizando em ambiente controlado!

P.S.: Meu comentário anterior foi sabotado pela Luz. Não lembro mais dele.

Poemista disse...

este texto faz parte da galeria de qualidade apreciáveis da TATI
mesclar elementos causando sensações tão fortes
quase uma sinestesia
é como se eu pudesse tocar o texto
sentir-me imersa em uma paleta(mas não de CARAVAGGIO) ainda prefiro os meus surreais
aqui me lembro das telas de Renné MAGRITE
reticências,
impressões ocultas,
insinuar,envolver
rock pesado conduzido por violinos
tanta tecitura,tesitura(diminut. de tesão),texturas dentro e fora do corpo
texturas imaginadas
uma dança moleca em transito
nem sei se dom,loucura,um bocado de virtude,um toque de obsessão
não saber andar com os pincéis,mas fazer da poesia caminho e projeção imagetica

beijão palavrorio e admirado
Exuvia Hannar