quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Raio


Senhores, eu tenho aqui um par de exemplares de grande interesse. Embora da mesma espécie, estes possuem diferenças fundamentais em seus mecanismos de auto-preservação.

O gênero destes espécimes é dotado de uma espessa carapaça para sua proteção, porém, o primeiro exemplar parece se empenhar em aumentar a rigidez de sua carapaça em busca da perfeição. Ele gera uma carapaça tão espessa, que às vezes não parece um ser vivo, ou pelo menos dotado de algum tipo de emoção ou instinto. Este é tão confiante em sua proteção que não teme colocar-se em situações de risco físico ou emocional. Mas obviamente, nenhuma defesa é à prova de falhas. Somente com um atencioso olhar sobre a carapaça do primeiro espécime, notamos marcas de onde provavelmente ele deva ter sido atingido através de sua defesa. Essas marcas foram cuidadosamente remendadas para mesclar-secom o restante da carapaça, diferentemente das marcas causadas pelos ataques frustrados recentemente que o primeiro espécime parece orgulhosamente exibir.

As defesas do segundo espécime parecem tão formidáveis quando as do primeiro. Diferindo do anterior, o segundo espécime não busca endurecer ainda mais sua carapaça. O segundo espécime possui em torno do seu ser uma atraente "atmosfera" de emoções e interesses. Passantes pegos nesta "atmosfera" ficam inebriados e se descuidados, tornam-sedependentes. Predadores geralmente perdem o foco ao entrar nesta zona e são afetados com os passantes. Estima-se que criaturas como o segundo espécime possam ser encontradas na natureza com centenas criaturas de todos os tipos orbitando seu ser. Outras criaturas podem estar orbitando o segundo espécime sem perceber assim como o segundo espécime pode não saber de todas as criaturas que influencia.

Curiosidades sobre este gênero:

- São criaturas amáveis e fáceis de lidar. Não são ardilosas nem mesquinhas e não costumam julgar os outros.

- Não se sabe ao certo o que sustenta essas criaturas, mas calculamos que o primeiro espécime necessite de quantidades muito pequenas de nutrientes, significando que ele se expõe muito raramente fora de sua carapaça. Já o segundo necessita de mais nutrientes que o primeiro, e acreditamos que ele consiga de outras criaturas que a orbitam em sua"atmosfera".

- Este gênero tem uma incrível memória, lembrando-se com quase todos os pequenos detalhes acontecimentos marcantes ou não.

- Independente da procedência, descendência ou ascendência este gênero não possui veneno ou peçonha. Pode lhe causar indigestão se não for cauteloso, mas são inofensivos se deixados em paz.

Dicas para uma boa convivência com este gênero de criatura:

- Não os tenha como bichos de estimação – eles não gostam. Tornam-se inquietos e amargos.

- Não se sentem muito bem em cativeiro, embora seja um tanto difícil mantê-los presos por muito tempo contra sua vontade.

- Embora pareçam reclusos, estas criaturinhas apreciam companhia de outras pessoas e embora não demonstrem, com freqüência sentem-se só.

- Não pense que só porque foi perdoado, o fato foi esquecido. Osespécimes acima se ressentiram com essas atitudes. Como dito anteriormente,estas criaturas têm uma memória formidável, mas dificilmente ela traráo ocorrido à tona com a intenção de atingi-lo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Boemia partitura

Tal como compositor na construção do solfejo
qual Partitura numa canção que Jaz
na boemia partitura dum romance
Pus-me a compor e fundir-me em póstumos versos
Dum amor que em tu’alma descaiu
Bem além do ponto que encantou-me

Das paisagens quentes e claras
Em que repousas teus anseios
no sangue novo em que alimenta tuas veias
Assim acompanhei os olhos teus
Lançado-me por ímpeto
sem consultar-te a permissão
Assim acompanhei os olhos teus para compor em letras
póstumos versos de um decaído sentimento

Nesta’ Alma que encantaste
Nesta’ Alma que encantaste
Tais partituras regaram os olhos meus
Tais melodias consolaram nossos dias em notas errantes


Em utopia de quentes sonhos de verão
Na utopia de decrescentes noites invernais e solidão
Fui letra e melodia arrebanhada no pastoreio de tua sina

Falaste-me da curva das horas
Quimeras e essências rubras /desatinadas por onde dedilhavas teu destino
Do teu canto assim longínquo
Nos restaria ao caminho lentos ecos de passagens
Brumas da imaginação

Em minha’alma de vigia e silencio
Pus-me a fundir póstumos versos duma prosa que se esvai
Duma partitura que jamais ressoará além de qualquer recordação
inda que se ilumine a melhor aurora
inda que brinde no peito a melhor canção que já ouvi!

De Exuvia Hannar(Poemista Lorien)

Para os eternos mestres
Alphonsus de Guimaraens e Alberto Caeiro