domingo, 5 de agosto de 2007

Toma-lhe retrospecto na cara, pra deixar de ser burra...


Eikonoclástes

Se sobrar o poeta,
ele não vai estar mesmo vivo.
Como ruído do vento que foi tragado pelo abismo,
nem o cortar das sombras o despertaria,
nem retornaria pra ele a sua própria voz.

Antes uma chama arderia
e da vela só a cera queimaria
sobrando o som do retrospecto.
O eco do passado morto,
o corpo do presente vivo.

Tornaria sensato o louco
e louco o sábio.
Tentando segurar o pavio inteiro
ou tomaria para si as cartas do baralho negro,
ou se livraria delas.

Ou doente, ou morto.
Mas ainda capaz de decidir
se cairá no chão de pé
ou se deixará de existir
mas o sonho da imortalidade viverá para sempre.

2 comentários:

Anônimo disse...

Mais um lindo texto, amor da minha vida.



beijos, pequena guaxininha

Anônimo disse...

eu entendi...

E essa poesia tem mais coisas ocultas do que os olhos humanos podem ver, olhos inocente esses..

bjo